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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Não viva para trabalhar e Nem Trabalhe para Viver.

maio 02, 2013




“Quando o trabalho é prazer, a vida é uma grande alegria. Quando o trabalho é dever, a vida é uma escravidão.” (Máximo Gorki)
 Este artigo vai apresentar uma forma de se relacionar com o trabalho sem deixar de ser visto como “um mal necessário”.
Antes, porém, façamos um raciocínio inverso, Como seria a vida sem o trabalho?

 Uma vida sem o trabalho

 O trabalho espanta três males: o vício, a pobreza e o tédio.” (Voltaire)
 O que você faria se vivesse em férias? Se tivesse tempo e dinheiro para curtir praia,  clube, fazenda?
Já se imaginou em férias por 30 anos ininterruptos? Seria divertido? Por quanto tempo? Quando se tornaria entediante? Em que momento deixaria de fazer sentido?
Quem tem melhores condições de responder a essas perguntas são aquelas pessoas que se aposentaram precocemente, já que é mais ou menos nessa situação em que se encontram. Há sempre um caso desses em nosso círculo familiar ou de amizades…
Não raro o maior desafio delas é vencer o tédio, a “falta do que fazer”. Muitas vezes voltam a trabalhar! Não pelo dinheiro, mas para ocupar a mente, o corpo, fazer passar o tempo, sentir-se útil, etc.
No seu livro “Trabalhe 4 horas por semana”, Tim Ferris  chama de “desordem de déficit de aventura” a incapacidade de adultos preencherem seu tempo com algo realmente prazeroso. Por isso acabam trabalhando mais e mais, e acumulando bens materiais como forma de diminuir a frustração de uma existência sem graça.
O caminho, segundo o autor, seria preencher o tempo livre com aventuras, viagens, cursos e demais actividades que classificaríamos como lazer. Sua própria biografia é um exemplo de como o autor  leva a sério suas recomendações. E é inegável que sua estratégia seja interessante. Seu livro é repleto de insights úteis para quem deseja gerir melhor o seu tempo e aproveitá-lo melhor.
Mas um estilo de vida que dá ao mundo profissional um papel completamente secundário seria sustentável por quanto tempo? Quantas pessoas estariam dispostas a levar a cabo essa forma de levar a vida? É suficiente para dar sentido à sua vida? Satisfazer todos os seus anseios? Por toda a sua vida? Somos levados a crer que não…
Mesmo aqueles indivíduos com acentuado espírito de liberdade e experimentação, e que odeiam qualquer tipo de rotina, acabam buscando um trabalho que respeite suas inquietações – como fazem os aventureiros profissionais

 A medida certa do trabalho

 Gostar do que se faz e sentir que é importante – existe algo mais divertido?” (Katharine Graham)
 O trabalho consome tempo precioso de nossas vidas;  por outro lado, preenche nosso tempo, nos remunera e afasta o tédio… Daí, um raciocínio linear poderia simplesmente concluir que a chave é o equilíbrio entre “viver” e “trabalhar”. Trabalhar menos, o suficiente para conseguir recursos para ter uma vida material digna. E usar bem o tempo livre. É o que prega o senso comum e o que as pessoas comummente chamam de “trabalhar para viver” em detrimento de “viver para trabalhar”.
Mas esse raciocínio do tipo “trabalhe com moderação” também aceita o trabalho como um “mal necessário”.  A pior consequência é que esse raciocínio alimenta erros que geram frustrações na vida profissional, como (i) trabalhar apenas pelo dinheiro; (ii) escolher a profissão pelo status ou pressão familiar ou (iii) evitar riscos a todo custo (= dar valor demais na estabilidade; buscar caminhos óbvios – como a profissão dos pais; etc.). Todas estas posturas  levam a uma ruptura entre a actividade profissional e os sonhos,  carências e desejos do indivíduo.
O filósofo Mário Sérgio Cortella sugere outro caminho ao dizer que a vida profissional deve ser usada para dar sentido à vida. O resultado do trabalho como um legado, aquilo que faria engrandecer a vida.  Pensamento em linha com o que pregam os autores da área de empreendedorismo, notadamente Fernando Dolabela – quando define que “empreendedor é alguém que sonha e busca a realização dos seus sonhos”. Nesse caso, o empreendimento é apenas um meio.
Empreender naturalmente cria as condições para que a vida profissional seja vista de outra forma. Longe de ser um  mal necessário,   ou um simples “ganha-pão”, o trabalho passa a ser uma parte bem-vinda da sua rotina; muitas vezes o alicerce do seu projecto de vida.
Se você conseguir fundir trabalho e  projecto de vida, questões relacionadas à quantidade de horas dedicadas; dias de folga; férias ou aposentadoria perdem o sentido. A menos que você queira tirar férias da sua vida ou aposentar-se de si mesmo.
Isso ajuda a “desvendar” o paradoxo de Tim Ferris actualmente trabalhar muito mais que as 4 horas por semana sugeridas em seu livro… Certamente ele descobriu uma série de actividades profissionais (como escrever livros e alimentar sites sobre suas aventuras e descobertas) das quais não apenas não deseja fugir, mas trabalhar cada vez mais…

 Sendo remunerado pelo seu hobby

 O trabalho é tudo o que se é obrigado a fazer; jogo é tudo o que se faz sem ser obrigado.” (Mark Twain)
 Parodiando o livro de Tim Ferris, Jonathan Mead escreveu o e-book Trabalhe ZERO horas por semana (em tradução livre). Nele, o autor sugere que você descubra – dentre as actividades que te dão ou dariam prazer – aquelas que você tem aptidão natural ou vontade de obtê-las; procure pessoas que apreciam essa aptidão/conhecimento/dom (sua “tribo”) e crie mecanismos para entregar a elas o que desejam.  E obviamente seja remunerado por isso.
Em poucas palavras, seja remunerado pelo que você é; pelo que te dá prazer fazer. Isso é o alicerce da sua revolução pessoal.

 Planejando ou reavaliando  sua vida Profissional

 Nos últimos 33 anos, tenho olhado no espelho toda manhã e perguntado a mim mesmo: ‘Se hoje fosse o último dia da minha vida, eu desejaria fazer o que programei para fazer hoje?’ E toda vez que a resposta é ‘não’ durante muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa… quase tudo – todas as expectativas externas, todo o orgulho, todo o medo de constrangimento ou fracasso – essas coisas simplesmente desaparecem em face da morte, deixando apenas aquilo que é realmente importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que conheço de evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há motivo para não seguir o seu coração.” (Extraído do famoso discurso de Steve Jobs para os formandos de Stanford, 2005) 
 Definir os mecanismos de entrega do seu trabalho e como será remunerado é parte central do processo de planejamento para colocar em prática o seu projecto de vida.  O que pode incluir reflexões e avaliações em relação a:

- Criar o seu próprio trabalho;
- Mudar de emprego/função;
- Mudar a empresa em que você está;
- Mudar de empresa;
- Criar uma nova empresa;
- Trabalhar como autónomo.

Em qualquer cenário, é importante ter em mente que o verdadeiro empreendimento não é a empresa ou o emprego, mas colocar em prática o seu projecto de vida e fazer a sua revolução pessoal. 

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